PF apreende panfletos contra Dilma em gráfica de tucana

segunda-feira, 18 de outubro de 2010 ·

A Polícia Federal apreendeu neste domingo (17), por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de um milhão de panfletos que incitam voto contra a candidata à Presidência Dilma Rousseff — da coligação Para o Brasil Seguir Mudando. O material cita a posição favorável à descriminalização do aborto como argumento contra da candidata.

A gráfica que imprimia os jornais pertence à irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra (PSDB), Sérgio Kobayashi. Arlety Satiko Kobayashi é dona de 50% da Editora Gráfica Pana Ltda, localizada no Cambuci, na capital paulista. A empresária é filiada ao PSDB desde março de 1991, segundo registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ministro do TSE Henrique Neves concedeu liminar para a apreensão do material atendendo a representação do PT para apuração de crime de difamação. O partido também pede investigação sobre quem pagou pela impressão.

O coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra disse que o fato de sua irmã ser sócia da gráfica Pana é uma coincidência. A assessoria da campanha de Serra negou qualquer relação entre o candidato e a produção dos panfletos.

"A campanha de José Serra não aceita a insinuação de conluio de qualquer tipo entre a atividade eleitoral e a Igreja Católica. É um desrespeito à Diocese de Guarulhos e à própria Igreja imaginar que possam ser correia de transmissão de qualquer candidatura. A Igreja Católica não é a CUT", diz a nota.

Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da diocese e que o dinheiro para a impressão veio de "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis". O panfleto é o mesmo distribuído na terça (12) em Aparecida (SP), pregando voto em candidatos que são contra o aborto nas eleições 2010.

As peças contêm o logo da CNBB, assinaturas eletrônicas de membros importantes da entidade e ataques ao PT, ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Dilma. Nelas, o partido é acusado de "comprometer-se a legalizar o aborto", "reconhecer o aborto como direito humano da mulher", e "descriminalizar o aborto até o nono do mês de gravidez".


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